terça-feira, 14 de abril de 2015

Felicidade plena

Tudo que sinto é ternura por este povo.
Encostada a uma pedra, bem defronte a uma casinha do alto sertão ardente, nem precisa de foice para mutilar galhos,as poucas ramas verdes que tem está tão longe! Mesmo assim vão buscar para o gado.
Magros, com ossos pontiagudos quase furando o couro.
Alarmante, sempre alarmante, meu coração fica na mão olhando tamanha agonia se tratando de gado, penso sombriamente no que seria, se não tivéssemos esperança, não sei que esperança! Acho que a força do no divino que tudo vai melhorar, quando! Não se sabe... Mas esperança é o que mantém firme.
Reses magras, retirar uma porção de gado e arrendar terras com pastos para ver se não perde tudo, é uma tentativa, mas falta recursos, também o gado pode não conseguir a desnutrição assola o rebanho.
A água dos riachos afina, afina, até tornar em fios gotejante e transparente, além disto a viagem sem pastos, sem bebidas, pode ser um horror.
Se arriscar, algumas no caminho morre, muitas reses se distância, além do mais... ainda tem os ectoparasitas que atacam sem piedade(carrapatos).
Quando se trata de chamar um veterinário, nada tem a fazer, porquê o que carece ali, é alimentos, ração balanceada, sal mineral, o gado tem que está forte para poder receber medicamentos.
Continuo encostada na pedra, olha ao lado vejo um asinino(Jumento) bichinho forte, corajoso e solícito do sertão, a caatinga morta, os cascos dos animais parece tirar fogo nos eixos do caminho, fico admirando com as carreirinhas de lagartixas em cimas das folhas secas pelos chão, estalando como papel queimado.
O céu transparente, limpo, por toda parte ressequido de calor e aspereza.
Por incrível que pareça, parece que a seca não dá trégua me
smo!... Entra ano e sai ano na mesmice. 
Verde, na monotonia cinzenta da paisagem, só alguns xique-xique em pé ainda escapo a devastação da rama; as pobres árvores parecem lamentar, mostrando os côtos dos galhos como membros amputados. As cabras andaram por ali... Os juás as cascas toda raspada em grandes zonas brancas.
O chão chora de solidão com sede e esperança. Sombras nem pensar... Eu estou ali a olhar a confusão desolada de galhos secos, e agressividade acentuadas pelos os espinho.
Meus olhos sadios e bem atentos correm a caatinga, vejo um homem nu, que logo corre ao sentir que tem visitante, ao meu encontro vem uma mulher nova, ninfeta, bonita, branca de cabelos negros, coberta pela poeira do sol. Me pergunta se quero alguma coisa, com sorriso largo cheio de ternura. Sem saber me dar uma lição de felicidades.
O sertão trás um engina indecifrável de felicidade. O povo é feliz e esta felicidade chama-se Deus.

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