domingo, 17 de novembro de 2013

Por Favor Escutem Meu Lamento

        Moradores sertanejos, pequenos agricultores...A expansão do regime de minifúndios não deixam boa parte das propriedades produzirem...  Não obstante, são urgentes certos artigos, como roupas, medicamentos, sem poder contar com a assistência, vi muitas mães chorando, mulheres jovens acabadas por duas dores...  A de ver os filhos passarem fome e de ver sua terrinha seca, rachada. Doeu em mim, fiquei angustiada. O pouco que se consegue, a necessidade obriga a levar ao mercado local ou a vender a um intermediário. Produtos indispensáveis à alimentação, trocas...  Meu Deus! Feira da fome! É para onde eles levam alguns produtos para suprir algumas necessidades, trocam até alimentos, como ovos, frangos, por roupas.
         Vocês não sabe e nem imagina como o minifúndio maltrata os pequenos agricultores. É uma barganha de produtos alimentares produzidos no minifúndio por artigos que não se destinam à sua alimentação, vem contribuindo para a desnutrição e a fome.
         E ainda vi agricultores dizerem que o minifúndio é a salvação...  Meus olhos vaguearam de tantas lágrimas, me senti impotente por não poder ajudar...  Vejo pelas razões. Para mim isso constitui um problema nas estruturas fundiárias. Por outro lado, vejo também o latifúndio improdutivo e subutilizado, é um desperdiço de recursos da terra. Tudo isso em nome do "sagrado direito à propriedade". Impede que cumpra sua função social, que é a produção...  Eles nem sabem o que é isso, alguns podem até saber... Além do mais, muitos já estão tão endividados que estão impossibilitados de recorrer aos bancos. Mesmo que aumentem prazo, eles não tem como reaver estas dívidas, pagar.
        São problemas a serem vencidos pela ação do Estado, por meio de reforma agrária...  Mas onde está a reforma agrária? Onde estão seus organizadores? Será que o Brasil vai alcançar resultados favoráveis, como o Japão e a Coreia do Sul, que obtiveram bons resultados sociais e aumento de renda dos agricultores? Somos atrasados nesse processo. Digo isso porque vi de perto que estamos distantes de acabar com essa miséria...  Somos um país industrializado e subdesenvolvido.
          Porque os senhores governantes não fazem a doação de terras? Duzentos e vinte e dois acres de terras no sul, terras que estão sem produzir. Quem cultivar pelos menos uns seis anos, estará ajudando e democratizando, dando acesso a pequenas propriedades de base familiar. O que falta para parar com essa lenga, lenga? São esses pequenos agricultores que produzem e levam à nossa mesa cereais.
          O Brasil sempre valorizou grande fazendas e até facilita empréstimos. E a pequena propriedade familiar sempre esteve no escanteio.
          Não precisa ser especialista no assunto para ver esse descalabro. Que grandes agricultores, cada vez mais empregando menos e daí a exclusão social, chamada de Agricultura Patronal. Nada contribui, pelo contrário atrapalha e concentra mais. Dificulta a reforma agrária.
          O nosso país já está em tempo de tomar jeito e não ficar só com discurso bonito, que não leva a nada. Tem que priorizar a agricultura familiar. E não adianta dizer que estão priorizando, porque eu vi, eu fui ao sertão. E não precisa fazer grandes pesquisas, não...  Está nos olhos de quem vai e vê que nossos pequenos agricultores estão, a cada dia, perdendo tudo e morrendo. Cabe ao país criar vergonha e tomar uma atitude de imediato.
          Tem que ser característica da sociedade valorizar os agricultores, o homem do campo, para que fiquem lá e não venham sofrer na cidade, que nada tem a oferecer.
           Este é o meu relato da minha ida ao sertão de Patos. E passando pelo Cariri, vi a triste situação dos pequenos agricultores.
          Faço parte dessa vida, sou Paraibana e Nordestina.
          Estudei Medicina Veterinária no alto sertão...  Há 23 anos que terminei o curso e não vejo nada diferente
         Portanto, país, acorde, páre de conversa bonita e salve seu povo.
         Ação trás a vontade de fazer, tem coisas que não é preciso pensar para agir.
         Arrumem! A parte da nação que mais precisa é o homem do campo.

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