quinta-feira, 19 de setembro de 2013

DESAPIEDADA MINHA VOZ

A quem posso chamar? Só posso apenas falar. Tenho outros argumentos, ou melhor, não precisa.
Estou abandonada?  Ou estou surda? Não, vejo o mundo abandonado.
Nada significa se me calo, ou falo, mas...  Alguém irá ouvir de uma forma ou de outra.
Aonde vou se não tiver voz, terra irmã? Onde estou se nada tenho que representar? Pensa que estou tão surda assim?
Lembre-se, os olhos falam, revelam o que você não deseja.
Oh! Lembrança! Que eu saiba, não recordo-me de nada. É melhor ouvir e calar, armazenar
para falar o certo na hora certa e consertar o que está para quebrar, antes que minhas flores murchem.
Estou na minha primavera, eu mesma faço minhas estações. Se tenho solidão, eu sei...  Faço tudo para não vê-la.
Tento minha sorte nas batalhas da vida. Se meu destino está solto ou ligado a outras vidas, tomara que eu consiga. Minha peleja vem de longas datas, desde o dia em que nasci. Mas sou forte, venço meus atropelos.
As vitórias eu vou galgando ao longo da vida...  É só não deixar cair, nem amolecer. É por isso que os fracos estão ansiosos em ver, querem que você dance, que você se exploda.
Sou uma rocha construída para vencer, se não conseguir...   Remorso não levo, ninguém pode culpar-me por não ter tentado.
Não me importa a torre desapiedada de minha perdida voz. Como já falei, sou uma rocha resistente.
Às vezes sou água, vinho, areia jogada aos seus olhos.
Não dilacero o meu peito quando vejo o aguaceiro no lugar errado. Minhas desventuras, não importa se me levanto feito um gigante. Vou rompendo as trevas até ver o brilho da alvorada. Até iluminar meu rosto com o gosto da vitória. Tenho ternura, vejo a tempestade como um desafio. Não existe época nem fim. Toda formosura está dentro do meu fogo de vencer. Meu ninho, eu mesma construo. Não quero nada de forma tão seca, não me interessa suas flores. Não estou para melancolia. Estou inteira, intacta, com feitio e com palavras, sem perder os sentidos...  Estou moldelada por uma turmalina.




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